Quando alguém decide plantar um jardim, depara-se com algumas questões: qual será sua natureza? Mais orgânica? E sua finalidade? Oferecer sombra, a beleza das flores, o sustento dos frutos, propriedades medicinais? Para alguns poucos ou para uma coletividade? Qual coletividade? Quais sementes serão plantadas? As plantas serão escolhidas ou nascerão espontânea e naturalmente? Que tipo de solo será cultivado?

 

Semelhantemente, no cultivo de um jardim escolar, vários aspectos são indicadores: a região/localidade escolhida, o caráter das relações entre representantes de diferentes papeis, o nível de participação nas decisões e nas atividades, o perfil das pessoas que trabalham efetivamente na escola, e das crianças matriculadas, os valores das mensalidades propostos.

 

A primeira escola Waldorf nasceu inequivocamente para atender à necessidade dos filhos de simples trabalhadores de uma fábrica alemã, apontando, desde sua experiência fundante, possibilidades comprometidas não com um mecanismo de distinção socioeconômica, não com o fomento de uma lógica de status e prestígio, mas com a construção de um mundo verdadeiramente bom, belo, verdadeiro e justo, a partir das ideias, relações e princípios praticados em seu interior e a partir dele, e que tenderão a ser assimilados e reproduzidos prças crianças. Isso me confronta enquanto pai: onde quero que minha filha cresça? Como desejo que ela experiencie o mundo e se apresente ante a vida? Como desejo que ele se perceba e se relacione com o outro?

 

A existência de nossos filhos é sagrada e única! Cultivemos sementes de autonomia que frutifiquem, sejam colhidas, alimentem e sejam compostadas para que, com a ajuda dos pequenos seres da terra, adubem o solo a outros vegetais. Que nossos filhos e filhas, brincando e sorrindo, entendam essa rede, esse milagroso (e didático) ciclo. Que, leve e naturalmente, assimilem sua responsabilidade e dependência ante a natureza e ante quem é diferente deles, que aprendam a viver o mundo com responsável leveza, que aprendam a ser felizes e a proporcionar felicidade.